Por uma perspectiva evolutiva, a preguiça é um mecanismo de conservação de energia. Com uma menor disponibilidade de alimentos ao nosso alcance por milhares de anos, era de extrema importância para a nossa sobrevivência que, em situações de escassez, a energia fosse preservada para momentos críticos, como a busca por alimentos ou a defesa contra predadores. Evitar atividades físicas desnecessárias era uma maneira de garantir que o corpo tivesse energia disponível para quando realmente fosse necessário. Nesse sistema, existe um balanço de movimento e repouso que mantém a saúde.
O problema? Hoje, para a maioria das pessoas, o cotidiano não exige nenhum esforço físico significativo, fazendo com que o mecanismo de conservação de energia, que foi vital para a sobrevivência no passado, funcione de forma desbalanceada. A falta de desafios físicos diários, como a caça ou a busca por alimento, resulta em um estilo de vida predominantemente sedentário, onde o corpo não é ativado da mesma maneira que antes.
Esse descompasso entre o mecanismo evolutivo e o ambiente moderno cria uma série de consequências. Como o corpo não é mais desafiado fisicamente da maneira que deveria, o sistema de conservação de energia pode se manifestar como preguiça excessiva ou uma falta de motivação para se mover, mesmo quando o corpo não está mais em risco de escassez. A falta de movimento pode levar a uma série de problemas de saúde, como o aumento de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, obesidade e até mesmo problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, que são exacerbados pela inatividade.
Esse desequilíbrio entre o impulso natural de conservação de energia e a realidade de um mundo onde o esforço físico não é mais necessário pode causar o que muitos chamam de “preguiça crônica”. Em vez de ser uma resposta saudável à necessidade de descanso e recuperação, a preguiça pode se transformar em um ciclo de inatividade prejudicial.
A solução? Encontrar formas de restabelecer o equilíbrio entre repouso e movimento. Isso pode incluir a prática regular de exercícios físicos, a inclusão de atividades ao ar livre, o incentivo ao movimento diário (como caminhar ou andar de bicicleta), e a criação de ambientes que incentivem o corpo a se mover de maneira mais natural. A chave está em reprogramar os comportamentos adquiridos e adaptar o estilo de vida para uma rotina mais equilibrada, onde o corpo possa utilizar a energia de forma eficiente e saudável, promovendo tanto a conservação quanto o gasto energético adequado.